CORES E GESTOS

Riscos e Cores, Pedras e Flores
por uma América Latina Unida

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Uma viagem inolvidável                                                                                                                                         
         Certa vez o poeta escreveu que “viajar é como mudar a roupa da alma”. Pois é Quintana, coberto de razões você estava quando há muito colocara tal preciosidade no papel. Todavia, bem sabemos que para viajar, não precisa ser para um longínquo lugar, e até mesmo que a própria palavra sozinha se basta. Viajar; se fosse o navegador diria que é preciso, o professor faria uma leitura de mundos, os navegadores sempre preocupados em suas missões também a seu modo dariam a devida importância para essa mudança de roupa da alma, num simples ato de viajar. Eu encontrei numa ilha, mais um motivo para descobrir mundos e trocar infinitas roupas. Singrar vários mundos cujos contornos feitos na ponta de um pincel propunha-se à uma mistura perfeita de cores fortes e traços marcantes, que me permitiu incursionar noutras trocas de infinitos guarda roupas. A cada tela exposta naquela parede uma nova viagem, por esse “mundo tão vasto mundo ” drumondiniano (neologismo, meu) por excelência. Um mundo carregado de sentimentos e semióforos internalizados pelas mãos do artista que nos permitiu ampliar ainda mais o canal da travessia Salvador/Ilha de Itaparica, numa vertente mais que artística, filosófica, mais que filosófica, pedagógica, mais do que pedagógica, humana e afetiva.

         Sem  sombra de dúvida: uma viagem indelével, carregada das antíteses de vários mundos unidos pelos ideais de liberdade, fraternidade e igualdade, um vasto mundo carregado de poesia  e de afetos. No colorir daquelas telas pude ver ali representado um pedaço do mundo, onde o sentimento e a emoção navegaram juntos pela história da humanidade, parte dela traduzida no pensar de gigantes idealistas que lutaram com afinco para tornar o mundo mais fraterno, mais ameno e menos desigual. No colorir daquelas telas vi os ideais de lutas por uma educação sem opressão, sem pedras no caminho, sem explicações freudianas. Ideais alicerçados com muito sofrimento, calcado na antítese do dia a dia, com a forte esperança de que tudo vai passar, mesmo que pelos olhos de um grande poeta. Aquelas telas me fizeram refletir mais uma vez que nem tudo está perdido, e que além delas estão os ideários de lutas sempre presentes  numa construção para que nos transformemos num eterno aprendiz, sem sermos insensíveis à dor nem ao sofrimento de ninguém.

     Então vi além daquelas aquarelas um poeta, um escultor, um sujeito contemporâneo no que tem de mais bonito: o seu pertencimento à sua arte e à arte do seu amor, que cuidadosamente buscou a eclosão de um artista elevando-se junto a ele numa união entre a arte e a vida em comum, a convivência num recanto que mais parece um santuário de imagens, solidão e poesia, dois cães adorados e adoráveis, umas galinhas, uma  relva, um celular jogado em qualquer canto que não fosse as suas mãos, um imenso oceano como pano de fundo, argila, muitas telas, aquarelas e inúmeros pincéis. Vi implícito naquele lugar a porta de entrada para o mundo igualzinho ao mundo da casa do Jorge, o Amado em sua Tenda dos Milagres, que universalmente escrevera “Seja Bem vindo se for de paz pode entrar”. De paz somos, e por isso entramos e fomos felizes mesmo que por algumas horas de uma dia chuvoso, nesta tenda onde os milagres, são representados pelas mãos que pintam arte, pelos os olhos de quem as organiza e pela sensibilidade daquela que deu o toque providencial que faltava na permanente exposição do artista. Ela o “seu amor”! Parabéns Companheiros! Agraciados e agradecidos estamos nós, por nos ter permitido adentrar na tenda de vocês.
 Com carinho, Nhelma e Nildo/Igarassu,15/01/2015.

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